Liniker extrapola estilos e apresenta CAJU, o álbum dos seus sonhos

Quem é CAJU? Nome que estampa a capa do segundo álbum-solo de Liniker, este é também o alter ego que a cantora e compositora paulista, aos seus 29 anos, apresenta para o público. Foi por meio da perspectiva (e da personalidade) dessa personagem que a artista teceu as 14 faixas que compõem o seu novo disco, lançado nesta segunda-feira, 19 de agosto, em todas as plataformas de streaming de áudio (ouça aqui)

Liniker, inclusive, escreveu uma carta para CAJU (disponível no fim deste texto), em que ela fala de memórias bonitas e da possibilidade de um dia eterno de sol – temas que acabaram regendo a trilha sonora do trabalho. CAJU, o disco, entrega relatos extremamente pessoais apoiados em uma surpreendente mistura de estilos que vai do pop, samba, jazz e house ao pagode, arrocha, disco e reggae. O disco conta com participação especial de Lulu SantosBaianaSystemANAVITÓRIAPabllo VittarPriscila Senna e mais convidados. 

“Por muito tempo, eu me vi no vórtice de ‘preciso provar quem eu sou’, ‘preciso ser validada’… CAJU nasce dessa força de querer me enxergar com mais carinho. Com quase 10 anos de carreira, entendi que tenho de ser dona da minha narrativa”, explica Liniker. “Indigo Borboleta Anil me colocou em pé. Agora, CAJU vai me fazer correr, me dar movimento. Fico muito feliz em poder falar, pela primeira vez, que me sinto muito segura. Eu vou adorar se as pessoas amarem esse disco, mas eu já amo. Eu fiz o álbum dos meus sonhos”, completa. 

A produção musical de CAJU é assinada por Liniker, Fejuca e Gustavo Ruiz, mesma trinca responsável pelo álbum de estreia-solo da cantora, Indigo Borboleta Anil (2021), que rendeu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira. “Escolhemos olhar para este projeto pensando na riqueza dos arranjos.

Por mais que seja um álbum pop e mais comercial, mas ainda assim de uma artista independente que não está dentro de uma gravadora, ele tem a música como eixo central”, afirma. “CAJU tem uma textura de encontros e desejos de lugares específicos em que eu quero chegar. Me permiti viver coisas que eu nunca tive aval, tanto do outro, quanto de mim. Sinto que eu precisei ter maturidade para poder construir essa obra”, complementa. 

“Eu sinto que CAJU é uma fotografia do meu momento agora. Hoje, eu tenho essa história para dividir publicamente. Daqui 30 anos, quando eu estiver com, talvez, mais 10 álbuns, vou lembrar dos meus 29 anos quando ouvir este disco”, resume Liniker. 
Ouça CAJU aqui 

CARTA PARA CAJU:

“Querida Caju, bom dia.

Me escrevo esta carta em primeira pessoa pelo exercício de me ver assim, livre, nessa estrada longa à um destino que eu ainda não sei como será, mas em que acredito veementemente, porque agora eu aprendi a andar, depois de ficar de pé.

Escrevo isso e me lembro daquela cena do meu filme preferido, Kill Bill, quando a Beatrix Kiddo fica horas depois do coma tentando mexer os dedos, deitada na parte de trás do carro.

Hoje eu aprendi a correr, e é por isso que eu acordei e quis me colocar num ônibus com direção ao futuro. Eu pretendo passar o dia me observando atenta e peço, no fundo do pensamento, tomara que seja um dia de sol! E se houver neblina, que eu seja um sol interno.

De olhos abertos, eu observo o movimento na estrada e penso na minha trajetória até aqui, nas inúmeras coisas que meus olhos já viram, e eu me percebo sendo uma grande colecionadora de memórias bonitas. É claro, dentro dessas memórias, também existem os equívocos e os deslizes, os tombos e alguns precipícios, mas é impressionante que, mesmo com esses declínios, eu ainda lembro como voar.

Agora, com os fones de ouvido bem ajustados, eu sei que quero um dia dançante depois de passar por esse estado em que o corpo fica amuado e onde, naturalmente, eu fico de calundu e me esquivo de qualquer coisa que me atravesse, pela escolha de viver o ranço. Chega. Eu realmente prometi ser o SOL hoje, desde o momento em que entrei nesse ônibus.

Eu vejo o trem passando na janela e penso que, às vezes, é preciso alguém ou um movimento espelhado ao seu, que lhe faça encontrar um outro sentido para os domingos. Quando o relógio marca às 13h, parece que o dia será um grande enguiço, um embrulho, um negócio efêmero.

Se eu pudesse, hoje eu faria um dia eterno, um astro noturno, uma fogueira que não se abala pela água, um eclipse de estrelas. Se eu pudesse, o dia de hoje seria disruptivo a tudo o que é lógico.

Sorrio ao me imaginar assim, com meu possante na estrada.

É preciso ser o retrogosto da boca, e ser eterna em alguma memória. Seu nome não é Caju à toa.”

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